INCLUSÃO: O PROFESSOR NÃO PODE TUDO, MAS PODE UMA GRANDE PARTE

segunda-feira, 8 de agosto de 2011 0 comentários
Se analisarmos o contexto sócio-histórico da formação de professores, no Brasil, poderemos constatar que as instituições de ensino superior, regra geral, passaram a contemplar a questão da inclusão há pouco tempo em seu currículo. Hoje, disciplinas como Libras já fazem parte do currículo dos cursos de licenciatura, e o braile deve ser introduzido nos próximos anos. Desse modo, a própria formação do professor parece não lhe oferecer repertório para desenvolver práticas pedagógicas inclusivas, a partir de um referencial teórico consistente.
            
No entanto, as novas demandas sociais nos impelem à reconstrução dos saberes a partir de velhos modelos, em que há a necessidade de aceitar as contradições de sala de aula, inerentes a sua imprevisibilidade. É necessário percorrer outros caminhos, correr riscos e incertezas, olhar de outro modo para as mesmas coisas, questionar as ações, cotejando-as com a literatura disponível sobre a questão da inclusão. Afinal, nosso discurso aos alunos sinaliza para o desenvolvimento de competências e habilidades que o impulsionem ao aprender a aprender. Isso também diz respeito a nós, professores.
           
Se nossa formação não nos ofereceu um repertório capaz do enfrentamento das novas demandas sociais, convém que lancemos mão da iniciativa de estudar, procurar construir os conhecimentos necessários que sanem essa lacuna. Muitos poderão alegar sobre a falta de condições ideais de trabalho, conforme discutido em textos de Rui Canário, Nóvoa e outros autores. Todavia, essas situações adversas, sem a devida atenção, tornarão o trabalho do professor ainda mais difícil. Enfrentar esse desafio é mais que necessário: é urgente!
                
Então, o que fazer? Em primeiro lugar, considero importante que as ideias preconcebidas sejam revistas. De maneira sistemática, o professor precisa analisar criticamente as transformações pelas quais a sociedade passa, o que inclui mudanças de comportamento, da maneira de compreender o mundo e de lidar com a questão do conhecimento.
                
Tem-se a convicção de que o professor não o único ator nesse processo. Há a necessidade de políticas públicas melhores definidas para a questão da inclusão, melhores condições de trabalho para o professor, ambientes adaptados etc. O professor não pode tudo é fato; mas pode uma grande parte.  Listo abaixo algumas iniciativas que o professor pode desenvolver para favorecer o processo de inclusão:
·         conhecer o nível de letramento de seus alunos, saber os conhecimentos cotidianos que eles trazem para a scola;
·         estabelecer uma parceria mais intensa com a família;
·         propor atividades que contemplem o respeito e a tolerância às diferenças;
·       conhecer as características e as necessidades dos portadores de necessidades educacionais especiais, para que eles avancem em seu processo de ensino-aprendizagem;
·         aprimorar o registro de suas ações e dos avanços e dificuldades dos alunos;
·         questionar se as escolhas pedagógicas feitas vêm ao encontro dos objetivos estabelecidos;
·         analisar os fatos sempre considerando o contexto sócio-histórico-cultural de seus alunos;
·        procurar desenvolver atividades em que o aluno possa ser o protagonista. Um bom exemplo disso é o trabalho com projetos;
·         privilegiar o trabalho coletivo;
·         usar a avaliação a favor da aprendizagem;
·         ter como meta uma formação contínua.
               
O trabalho do professor não se resume a essas iniciativas, mas se ele conseguir melhorar nesses aspectos, dará, com certeza, um grande passo em prol da inclusão daqueles que, com muita frequência, têm ficado à margem do processo de ensino-aprendizagem. 
Por Lucy C. Simões

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