A importância de Luiz Gonzaga no cenário musical brasileiro.

sexta-feira, 30 de março de 2012 1 comentários

É com muita alegria que informamos que por meio da parceria da IESI com o CEM – Centro de Estudos Musicais que esta matéria de musica e cultura popular a seguir está neste dia publicada. Boa leitura para todos!

 O que você acha de uma musica escrita utilizando apenas cinco notas musicais? Parece simples e até um tanto pobre, não é? Quando pensamos em uma melodia assim talvez a primeira coisa que nos vem à cabeça seja a famosa musica: Do re mi fa – fa – fa... , e apesar desta melodia ser composta apenas com cinco notas musicais, não é desta musica que estou falando. A canção a qual me refiro é a Asa Branca, composta pelo nosso ilustre sanfoneiro Luiz Gonzaga, figura esta de extrema importância no cenário musical brasileiro que neste ano (2012) comemora seu centenário.

Nascido no Pernambuco em 1912, Luiz Gonzaga do Nascimento era filho do Seu Januário, sanfoneiro respeitado la pras bandas do sertão pernambucano. Com 7 anos de idade Luiz Gonzaga ia para a roça ajudar sua família, mas nas horas vagas ficava observando seu pai tocar sanfona. Sua família era religiosa e costumava freqüentar cerimônias e festividades de cunho religioso embaladas por bandas de forro, composta por pífanos, zabumba e concertina, além do fole de oito baixos muita das vezes tocado pelo seu pai, o Sr. Januario. Aos 12 anos de idade Luiz Gonzaga já acompanhava seu pai em folguedos e foi com ele que aprendeu a tocar sanfona.

Aproximadamente em 1939 Luiz Gonzaga migra para o sudeste, para a cidade do Rio de Janeiro, e la, aprende novos ritmos como o foxtrot, a valsa e tangos mas isso serviu apenas como aprimoramento técnico, pois numa noite em um bar carioca um grupo de estudantes cearenses pediu para ele tocar musicas nordestinas, e ele logo preparou “Pe de serra”, uma polca que posteriormente seria gravada com o nome de “Xamego” e “Vira e Mexe”, uma musica de sua terra natal. O sucesso de “Pé de Serra” foi imediato, todos aplaudiram e diz a historia que até os transeuntes pararam para ver e apreciar a musica. Mas foi apenas em 1945 que Luiz Gonzaga começou a ser reconhecido. Em sua trajetória rumo ao reconhecimento, Luiz participou de diversos programas de calouros de Ary Barroso. Foi uma longa trajetória e no inicio era pouco reconhecido, mas aos poucos foi ganhando espaço com suas musicas e seu jeito simples do sertão.

Luiz Gonzaga conseguiu tanto prestigio que ganhou diversos apelidos como “O rei do baião”, “O maior sanfoneiro nordestino do Brasil”, como era chamado por Cesar de Alencar, além de “Majestade do baião”, Embaixador sonoro do sertão” e “Velho lua”, este ultimo pelo fato de ter a cabeça bem redonda parecendo uma lua cheia.

Em 1947 juntamente com Humberto Teixeira, poeta cearense, Luiz Gonzaga compôs o que hoje é um hino do baião, uma musica ícone, reconhecida não apenas em nível nacional, mas internacionalmente, a famosa Asa Branca, que retrata o sofrimento dos nordestinos em face da seca. Esse tão famoso ritmo chamado baião tem origem no termo “baiano”, que era uma dança nordestina extremamente popular nos interiores do nordeste desde o século XIX. 

Já no final dos anos 1950, ocorriam mudanças musicais no pais, entre as quais a eclosão da Bossa Nova, dando inicio ao declínio da carreira de Gonzaga. Com novos gostos estético-musicais importando – se no radio, suas composições foram perdendo espaço, e Luiz Gonzaga voltou – se para as platéias do interior para as quais sempre foi o “Rei do Baião”.
No entanto evidenciando o reconhecimento de sua importância ao final dos anos de 1960 gravaria o compacto com a composição “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré. Na mesma época Gilberto Gil, em entrevista concedida a Augusto de Campos, afirmava que Luiz Gonzaga fora “a primeira grande significativa do ponto de vista da cultura de massa no Brasil”.  De fato, Gonzaga não apenas lembrou à Musica Popular Brasileira, num momento crucial, sua riqueza de suas muitas raízes, quanto, no cenário dessa mesmas MPB, abriu os corações e ouvidos dos grandes centros urbanos para musicalidades interioranas.

E foi em 6 de julho de 1989 que Gonzagao, como também era chamado pelo fato do seu filho ser apelidado de Gonzaguinha, participou de seu ultimo show, uma homenagem que artistas de todo o Brasil lhe prestaram no Teatro Guararapes, em Recife. Estava com uma agenda cheia de eventos quando foi internado no Hospital Santa Joana no Recife, vindo a falecer no dia 2 de agosto.

Quando o transporte chegou com seu corpo, ao passar pelas ruas de Recife uma multidão entoava o refrão “HEI HEI HEI, LUIZ É O NOSSO REI” e ao chegar em sua cidade natal Exu, houve um cortejo com aproximadamente 20 mil pessoas que acompanhava o corpo cantando Asa Branca como despedida do Rei do Baiao.

Luiz Gonzada nos deixou além de toda uma cultura popular muito forte, o ritmo baião, o xote, as toadas, outras tantas musicas de sua autoria como: A dança da moda, assum preto, o xote das meninas, pau de arara, qui nem jiló, vozes da seca, etc.

Uma curiosidade sobre o forro do Luiz Gonzaga é que ele era tocado com sanfona, zabumba e triangulo a formação que ainda se usa atualmente.

Por Profº Jonatas Misko

1 comentários:

  • Anônimo disse...

    o texto esta muito bom.
    resume a historia da vida do rei do baião
    más não deixa de mostrar seu esforso e seu reconhecimento nacional e internacional.
    Parabens!

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