Em sua segunda parte,
com a colaboração do NEM – Núcleo de Estudos Musicais, essa publicação traz,
para os estudiosos e amantes da Música, mais algumas definições e conceitos das
Formas e Termos Musicais:
LEITMOTIF - Do alemão,
"Motivo condutor”. Técnica desenvolvida
por Wagner de associar à cada
personagem de uma
ópera um tema musical específico, que, ainda que com
variações, permanece reconhecível
por toda a
obra. Os "leitmotives"
também costumam ser usados nos poemas sinfônicos, com resultados diferentes,
mas igualmente satisfatórios.
MINUETO - Pequena dança
de origem francesa, de compasso 3/4, muito usado por Mozart. Aliás, até a
Primeira Sinfonia de Beethoven, o minueto era obrigatório como terceiro
movimento.
MOVIMENTO - Cada uma das
partes que compõe uma sonata, suíte ou sinfonia. Geralmente os movimentos de
uma mesma obra diferem pelo andamento, ritmo e mesmo pela tonalidade escolhida.
NOTURNO - Obra para
piano, de caráter tranquilo e meditativo. Levado ao auge de seu desenvolvimento
com Chopin foi criado pelo inglês John Field (1782-1837)
ÓPERA - Grosso modo,
representação teatral na qual os atores cantam.
a-) Essa definição é a
mais simples possível, uma vez que a ópera, unindo os elementos expressivos do
teatro à força da representação musical, torna-se um gênero musical único,
impossível de ser comparado a qualquer outro. Geralmente a ópera é dividida em
árias, duetos e coros;
b-) A ópera nasceu de um
erro: por volta de 1600, na Itália, um grupo de músicos-onde se incluía
Vincenzo Galilei, pai do astrônomo - tomou conhecimento do estilo das tragédias
gregas, na qual a música e o texto estavam intimamente relacionados.
Resolveram criar um
equivalente moderno. Havia só um problema: os gregos não deixaram
indicações musicais de nenhum tipo. Não existia nenhum meio de copiar o que
havia sido feito. Era preciso, guardando as intenções primitivas, criar um novo
tipo de representação musical na qual texto e sons estivessem ligados. Dessa
cópia a partir do nada surgiu a ópera, tal qual a conhecemos hoje;
Uma questão sempre
presente: o texto determina ou deve submeter-se à música?
As óperas italianas
foram pelo primeiro caminho; as alemãs, pelo segundo – com resultados
igualmente bons.
ORATÓRIO - É, por assim
dizer, uma ópera religiosa, mas sem a representação em um palco e baseado em
algum tema bíblico.
ORQUESTRA - Do grego,
"lugar para dançar”. Atualmente, grupo de instrumentistas dirigidos por um
regente.
a-) A orquestra, no
sentido que lhe damos atualmente, surgiu no final do século XVII. Até então
haviam conjuntos de instrumentistas reunidos unicamente pelo acaso. Os
soberanos que podiam manter uma orquestra contratavam dezenas de músicos.
Outros, menos ricos - ou interessados - contavam apenas com alguns poucos
executantes. Assim, não era de se estranhar a falta de padronização dos
conjuntos orquestrais. Foi apenas no século XVIII, ou, para ser mais exato, no
começo do século XIX, que passaram a existir orquestras sinfônicas com um
número determinado de instrumentos.
Mesmo as sinfonias de Mozart e Haydn variavam conforme os executantes
disponíveis. Foi Beethoven, em sua última sinfonia, que fixou o aparato
sinfônico tradicional modelo que se mantém firme, com algumas alterações, até
os dias atuais.
POEMA SINFÔNICO -
Composição orquestral, de um só movimento, geralmente baseado em algum poema,
romance ou mesmo um quadro.
a-) Ao contrário da
maioria das formas musicais, esta tem paternidade. Reconhecida: Franz
Liszt. O
músico húngaro, aproveitando-se da
"ideia fixa" de
Berlioz e das
descrições musicais de
Beethoven, criou uma
nova forma, bastante livre, na qual a inspiração pode ser um poema, uma
obra literária, um quadro, um lugar,
sentimentos, ou mesmo uma
pessoa. A música passa a ser
quase pictórica, descrevendo, com sons, o que se leu ou viu. Levado a extremos,
o poema sinfônico retirou da música seu valor enquanto “música pura". Toda obra deveria descrever ou representar
algo. Essa tendência foi amplamente combatida por setores do campo musical, que
defendiam a volta da “música pura", ou seja, sem caráter descritivo. No
século XIX, Brahms, secundado pelo crítico Eduard Hanslick, foi um dos poucos músicos
que escapou à influência do poema sinfônico. No século XX, ao contrário, poucos
foram os compositores que se deixaram influenciar por essa forma...
RAPSÓDIA - Peça não
muito longa, escrita geralmente para piano ou orquestra, baseada em temas
populares. As "Rapsódias
Húngaras" de Liszt são um exemplo acabado do tema.
SCHERZO - Peça de
caráter ligeiro e alegre - quer dizer "brincadeira" em italiano. Geralmente
é parte de um conjunto maior, como uma sonata ou sinfonia e sua introdução na
sinfonia, no lugar do minueto, foi feita por Beethoven. Apesar de o compasso
ser o mesmo (3/4), o scherzo difere do minueto por seu caráter mais sério e seu
maior desenvolvimento.
SINFONIA - Peça musical,
em vários movimentos, executada por uma orquestra. A sinfonia pode assumir
formas e desenvolvimentos absolutamente inesperados, variando conforme o gosto
do compositor.
a-) "Sinfonia"
vem do grego "soar ao mesmo tempo", e essa definição continua
valendo. O grande elemento que diferencia a sinfonia de outras peças
orquestrais é a ausência de solistas. Obviamente não são todos os instrumentos
que tocam durante todo o tempo. Mas, ao contrário do concerto, na sinfonia,
mesmo quando alguns instrumentos se calam, outros continuam tocando, sempre em
conjunto. No começo do século XVIII, "sinfonia" era um trecho
pequeno, integrando geralmente uma suíte ou um oratório. Apenas com Haydn e os
músicos da chamada "Escola de Mannhein" que essa forma tornou-se
independente. De certa maneira, foi da
fusão entre a
"abertura italiana" e
a "forma-sonata" que
surgiu a sinfonia no sentido moderno. Vale notar também que a sinfonia
não escapou da influência do Poema Sinfônico. Muitas sinfonias no século XIX
são puramente descritivas. Curiosamente,
os defensores da "música pura" como Brahms, encontraram justamente na
sinfonia a oportunidade de se oporem à música descritiva.
SONATA 1 - Na origem do
termo, música para instrumentos de sopro ou para cordas.
SONATA 2 - Com o passar
do tempo, "sonata" passou a designar uma obra musical em vários
movimentos cuja estrutura era definida.
A sonata clássica, tal como.
Desenvolvida por Mozart,
era constituída de quatro movimentos:
I. Um primeiro movimento
rápido, cuja forma se baseava na "forma-sonata";
II. Um movimento lento,
geralmente em forma de variações;
III. Um movimento
dançante (um minueto, por exemplo, remanescente da suíte;
IV. Movimento final, de
caráter enérgico e conclusivo.
Obviamente essa
estrutura era modificada de acordo com o compositor, todavia, permaneceu como
principal meio de composição até meados do século XX.
SUÍTE - Originalmente,
um conjunto de danças. No século XVIII,
as suítes compreendiam as diversas danças da época: allmande, sarabande, minuet,
bourré, etc. A famosa "Música Aquática", de Handel, é um bom exemplo
desse gênero. Nos séculos XIX e XX o termo ganhou nova acepção, passando a
significar a reunião de pedaços de uma ópera ou ballet para ser executado sem a
ação no palco.
TOCCATA - Peça para
ser "tocada" por
instrumentos de teclado, em
oposição a um dos sentidos da "sonata" e da "cantata".
VARIAÇÕES - Como o nome
diz, são as variações sobre um tema musical, original ou do próprio
compositor. É uma das mais antigas
formas musicais, existindo, em formas variadas, desde o século XVII.
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