As Formas e Termos Musicais – Parte 2

quarta-feira, 14 de agosto de 2013 0 comentários

Em sua segunda parte, com a colaboração do NEM – Núcleo de Estudos Musicais, essa publicação traz, para os estudiosos e amantes da Música, mais algumas definições e conceitos das Formas e Termos Musicais:
LEITMOTIF - Do alemão, "Motivo condutor”. Técnica desenvolvida  por Wagner de associar  à  cada  personagem  de  uma  ópera um tema musical específico, que, ainda que  com  variações,  permanece  reconhecível  por  toda  a  obra.  Os "leitmotives" também costumam ser usados nos poemas sinfônicos, com resultados diferentes, mas igualmente satisfatórios.
MINUETO - Pequena dança de origem francesa, de compasso 3/4, muito usado por Mozart. Aliás, até a Primeira Sinfonia de Beethoven, o minueto era obrigatório como terceiro movimento.
MOVIMENTO - Cada uma das partes que compõe uma sonata, suíte ou sinfonia. Geralmente os movimentos de uma mesma obra diferem pelo andamento, ritmo e mesmo pela tonalidade escolhida.
NOTURNO - Obra para piano, de caráter tranquilo e meditativo. Levado ao auge de seu desenvolvimento com Chopin foi criado pelo inglês John Field (1782-1837)
ÓPERA - Grosso modo, representação teatral na qual os atores cantam.
a-) Essa definição é a mais simples possível, uma vez que a ópera, unindo os elementos expressivos do teatro à força da representação musical, torna-se um gênero musical único, impossível de ser comparado a qualquer outro. Geralmente a ópera é dividida em árias, duetos e coros;
b-) A ópera nasceu de um erro: por volta de 1600, na Itália, um grupo de músicos-onde se incluía Vincenzo Galilei, pai do astrônomo - tomou conhecimento do estilo das tragédias gregas, na qual a música e o texto estavam intimamente relacionados. Resolveram  criar  um  equivalente moderno. Havia só um problema: os gregos não deixaram indicações musicais de nenhum tipo. Não existia nenhum meio de copiar o que havia sido feito. Era preciso, guardando as intenções primitivas, criar um novo tipo de representação musical na qual texto e sons estivessem ligados. Dessa cópia a partir do nada surgiu a ópera, tal qual a conhecemos hoje;
Uma questão sempre presente: o texto determina ou deve submeter-se à música?
As óperas italianas foram pelo primeiro caminho; as alemãs, pelo segundo – com resultados igualmente bons.
ORATÓRIO - É, por assim dizer, uma ópera religiosa, mas sem a representação em um palco e baseado em algum tema bíblico.
ORQUESTRA - Do grego, "lugar para dançar”. Atualmente, grupo de instrumentistas dirigidos por um regente.
a-) A orquestra, no sentido que lhe damos atualmente, surgiu no final do século XVII. Até então haviam conjuntos de instrumentistas reunidos unicamente pelo acaso. Os soberanos que podiam manter uma orquestra contratavam dezenas de músicos. Outros, menos ricos - ou interessados - contavam apenas com alguns poucos executantes. Assim, não era de se estranhar a falta de padronização dos conjuntos orquestrais. Foi apenas no século XVIII, ou, para ser mais exato, no começo do século XIX, que passaram a existir orquestras sinfônicas com um número determinado de instrumentos.  Mesmo as sinfonias de Mozart e Haydn variavam conforme os executantes disponíveis. Foi Beethoven, em sua última sinfonia, que fixou o aparato sinfônico tradicional modelo que se mantém firme, com algumas alterações, até os dias atuais.
POEMA SINFÔNICO - Composição orquestral, de um só movimento, geralmente baseado em algum poema, romance ou mesmo um quadro.
a-) Ao contrário da maioria das formas musicais, esta tem paternidade. Reconhecida: Franz Liszt.  O  músico  húngaro,  aproveitando-se  da  "ideia  fixa" de Berlioz  e  das  descrições  musicais  de  Beethoven,  criou  uma  nova forma, bastante livre, na qual a inspiração pode ser um poema, uma obra literária, um quadro, um lugar,  sentimentos, ou  mesmo  uma  pessoa.  A música passa a ser quase pictórica, descrevendo, com sons, o que se leu ou viu. Levado a extremos, o poema sinfônico retirou da música seu valor enquanto “música pura".  Toda obra deveria descrever ou representar algo. Essa tendência foi amplamente combatida por setores do campo musical, que defendiam a volta da “música pura", ou seja, sem caráter descritivo. No século XIX, Brahms, secundado pelo crítico Eduard Hanslick, foi um dos poucos músicos que escapou à influência do poema sinfônico. No século XX, ao contrário, poucos foram os compositores que se deixaram influenciar por essa forma...
RAPSÓDIA - Peça não muito longa, escrita geralmente para piano ou orquestra, baseada em temas populares.  As "Rapsódias Húngaras" de Liszt são um exemplo acabado do tema.
SCHERZO - Peça de caráter ligeiro e alegre - quer dizer "brincadeira" em italiano. Geralmente é parte de um conjunto maior, como uma sonata ou sinfonia e sua introdução na sinfonia, no lugar do minueto, foi feita por Beethoven. Apesar de o compasso ser o mesmo (3/4), o scherzo difere do minueto por seu caráter mais sério e seu maior desenvolvimento.
SINFONIA - Peça musical, em vários movimentos, executada por uma orquestra. A sinfonia pode assumir formas e desenvolvimentos absolutamente inesperados, variando conforme o gosto do compositor.
a-) "Sinfonia" vem do grego "soar ao mesmo tempo", e essa definição continua valendo. O grande elemento que diferencia a sinfonia de outras peças orquestrais é a ausência de solistas. Obviamente não são todos os instrumentos que tocam durante todo o tempo. Mas, ao contrário do concerto, na sinfonia, mesmo quando alguns instrumentos se calam, outros continuam tocando, sempre em conjunto. No começo do século XVIII, "sinfonia" era um trecho pequeno, integrando geralmente uma suíte ou um oratório. Apenas com Haydn e os músicos da chamada "Escola de Mannhein" que essa forma tornou-se independente. De certa maneira, foi da  fusão  entre  a  "abertura  italiana"  e  a  "forma-sonata"  que  surgiu a sinfonia no sentido moderno. Vale notar também que a sinfonia não escapou da influência do Poema Sinfônico. Muitas sinfonias no século XIX são puramente descritivas.  Curiosamente, os defensores da "música pura" como Brahms, encontraram justamente na sinfonia a oportunidade de se oporem à música descritiva.
SONATA 1 - Na origem do termo, música para instrumentos de sopro ou para cordas.
SONATA 2 - Com o passar do tempo, "sonata" passou a designar uma obra musical em vários movimentos cuja estrutura era definida.  A sonata clássica, tal como.
Desenvolvida por Mozart, era constituída de quatro movimentos:
I. Um primeiro movimento rápido, cuja forma se baseava na "forma-sonata";
II. Um movimento lento, geralmente em forma de variações;
III. Um movimento dançante (um minueto, por exemplo, remanescente da suíte;
IV. Movimento final, de caráter enérgico e conclusivo.
Obviamente essa estrutura era modificada de acordo com o compositor, todavia, permaneceu como principal meio de composição até meados do século XX.
SUÍTE - Originalmente, um conjunto de danças.  No século XVIII, as suítes compreendiam as diversas danças da época: allmande, sarabande, minuet, bourré, etc. A famosa "Música Aquática", de Handel, é um bom exemplo desse gênero. Nos séculos XIX e XX o termo ganhou nova acepção, passando a significar a reunião de pedaços de uma ópera ou ballet para ser executado sem a ação no palco.
TOCCATA  -  Peça  para  ser  "tocada"  por  instrumentos  de teclado, em oposição a um dos sentidos da "sonata" e da "cantata".
VARIAÇÕES - Como o nome diz, são as variações sobre um tema musical, original ou do próprio compositor.  É uma das mais antigas formas musicais, existindo, em formas variadas, desde o século XVII.


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